Quando cheguei ao Japão pela primeira vez, confesso que esperava vivenciar hospitalidade em ocasiões grandiosas, como em um restaurante renomado ou em hotéis tradicionais. Mas o que realmente me marcou foram os pequenos gestos de cuidado que surgiam nos momentos mais corriqueiros do dia a dia.

No konbini, a atendente sempre embalava cada item com cuidado, como se fosse um presente. No guichê da estação de trem, o funcionário me explicou com paciência qual era a melhor rota, mesmo com uma fila de pessoas aguardando. No supermercado, o caixa me ajudou a reorganizar minhas compras para que não ficassem pesadas demais para carregar. Até no metrô, em horários de pico, as pessoas se moviam com atenção para dar espaço, sempre com um sorriso discreto e um gesto de gentileza.

Esses momentos pequenos, mas constantes, foram mais impactantes do que qualquer cerimônia elaborada que presenciei depois. Foi ali, no cotidiano, que o verdadeiro significado do omotenashi se revelou para mim: não é algo reservado para ocasiões especiais, mas uma filosofia que permeia todas as interações, um cuidado genuíno com o outro, mesmo nos detalhes mais simples da vida.

A história e a essência do omotenashi

O conceito de omotenashi tem raízes profundas na história japonesa, especialmente na cerimônia do chá (chanoyu), que começou a ganhar forma no século XVI. Mestres do chá, como Sen no Rikyū, acreditavam que a verdadeira hospitalidade estava em criar uma experiência que antecipasse as necessidades e desejos dos convidados, sem que eles precisassem pedir. Cada detalhe – do preparo do chá à disposição dos utensílios – era pensado para transmitir respeito e cuidado.

Mas o espírito do omotenashi não se limita à cerimônia do chá. Ele foi se espalhando pela sociedade japonesa ao longo dos séculos, permeando diversos aspectos da vida cotidiana. A palavra combina dois elementos importantes: ‘omote,’ que se refere ao que está visível, e ‘nashi,’ que implica sinceridade e ausência de segundas intenções. Em outras palavras, é uma hospitalidade transparente e genuína, que vem do coração.

A evolução do Omotebako

Muitas pessoas nos perguntam: ‘O que é Omotebako?’ E a verdade é que o significado do nome evoluiu ao longo do tempo, assim como a nossa própria história.

No início, durante a pandemia, Omotebako surgiu como uma forma de levar hospitalidade em tempos difíceis. Criamos caixas cuidadosamente embaladas, com sushi preparado para ser saboreado em casa, representando nossa dedicação ao cuidado e ao detalhe, mesmo à distância. Essas caixas eram mais do que apenas embalagens; eram um gesto de acolhimento e uma maneira de nos conectarmos com nossos clientes.

Com o passar dos anos, Omotebako se tornou algo muito maior. Hoje, enxergamos o nome como uma metáfora para o que fazemos: um hub, ou melhor, uma ‘caixa’ de serviços de hospitalidade. É a união de diferentes empresas e iniciativas que compartilham o mesmo propósito: levar a essência do omotenashi para nossos clientes, seja por meio de experiências gastronômicas, consultoria de viagens ou eventos.

Omotebako é, em essência, isso: uma caixa cheia de possibilidades, cuidadosamente pensadas para surpreender e encantar quem a recebe.

Um convite ao cuidado

O omotenashi e o Omotebako caminham juntos. Ambos representam o compromisso de oferecer cuidado genuíno, atenção aos detalhes e experiências que ressoam. Assim como a ideia inicial da caixa de sushi evoluiu para um hub de hospitalidade, o omotenashi também continua a me inspirar e guiar em tudo o que faço.

Espero que, ao acompanhar o blog, você possa descobrir não apenas o Japão, mas também formas de trazer hospitalidade e cuidado para sua própria vida.