Como o wabi-sabi moldou minha visão, meu trabalho e minha vida
O wabi-sabi não é apenas uma estética; é uma filosofia de vida que me ensinou a valorizar a beleza do tempo e a impermanência de todas as coisas. Ele permeia tudo o que faço – desde minha vida profissional até meus hobbies e a forma como encaro os desafios pessoais.
No Omotebako, essa filosofia se traduz em respeitar a sazonalidade dos ingredientes. Cada prato que criamos é uma celebração de um momento que nunca se repetirá exatamente da mesma forma. A impermanência está em cada detalhe – no frescor de um peixe, na doçura de um vegetal recém-colhido, ou na flor que enfeita o prato por apenas alguns dias da estação. Essa efemeridade não é algo a temer, mas sim a valorizar.
Também carrego essa visão nos meus hobbies. Na fotografia, procuro capturar o que muitas vezes passa despercebido: a luz que atravessa uma janela em uma tarde específica, a textura de um objeto desgastado pelo tempo ou a efêmera flor de uma cerejeira que, em poucos dias, desaparecerá. Cada foto é uma tentativa de congelar o momento, não para negar sua transitoriedade, mas para celebrar sua existência breve e única.
Minha paixão por relógios antigos também está profundamente ligada a essa apreciação pelo tempo. Observar os mecanismos de um relógio que continua funcionando, mesmo depois de décadas, é um lembrete de como o tempo é precioso. As marcas do desgaste, os arranhões e a pátina que o tempo deixou em cada peça não diminuem seu valor; pelo contrário, contam uma história que o torna ainda mais especial.
Na minha vida pessoal, o wabi-sabi me ajuda a ver o tempo não como um adversário, mas como um companheiro que transforma e molda tudo o que tocamos. Nossas próprias imperfeições e cicatrizes – físicas ou emocionais – são como as rachaduras reparadas pelo kintsugi: testemunhas da nossa história, símbolos de resiliência e beleza. Essa perspectiva me ensinou a abraçar o efêmero com mais serenidade e a encontrar valor até mesmo nos momentos mais breves.
Um convite à reflexão
A beleza do wabi-sabi está em nos lembrar de que o tempo é um presente, não um inimigo. Ele molda tudo ao nosso redor, deixando marcas que contam histórias únicas. Em um mundo onde muitas vezes buscamos a perfeição, é libertador abraçar o efêmero e enxergar a beleza no que é transitório.
Meu convite para você é simples: observe o que está ao seu redor. Pode ser um objeto antigo que carrega a marca dos anos, uma paisagem que muda com as estações, ou até mesmo um momento de silêncio entre amigos ou família. Quem sabe você também encontre, como eu, a beleza escondida no imperfeito e no passageiro.