Quando penso no Japão, minha mente sempre retorna a momentos simples, mas profundamente marcantes. Um deles foi minha rotina diária em Niigata. Todas as manhãs, eu pedalava do meu dormitório até o trabalho por uma longa estrada cercada por campos de arroz. O som do vento soprando pelas plantações, o calor gentil do sol da manhã e a visão do horizonte se estendendo até as montanhas esbranquiçadas de Fukushima criavam uma atmosfera quase espiritual. Era um trajeto tranquilo, onde eu tinha tempo para refletir sobre a beleza da natureza e como ela moldava o restante do meu dia.

Por outro lado, havia a energia contrastante das viagens de trem pelos subúrbios de Fukuoka a caminho de Munakata. O trajeto começava com paisagens urbanas, que gradualmente se transformavam em áreas semi-rurais, até alcançar o litoral. O momento que mais me marcou foi quando o cheiro do ar mudava, revelando a proximidade do mar. A salinidade trazia uma energia revigorante, quase como se a natureza estivesse me saudando. Essa transição, do urbano ao natural, mostrava o quanto o Japão é uma fusão harmoniosa de contrastes.

E, claro, há Tokyo, com seu ritmo frenético e familiar para quem cresceu em São Paulo, mas com uma intensidade e uma grandeza únicas. Em meio ao movimento incessante, a cidade funciona como um balé orquestrado, uma sinfonia entre humanidade e tecnologia. A densidade de pessoas, as luzes e o som constante criam uma energia que eu amo. No entanto, é impossível ignorar o lado menos explorado do Japão – fora dos grandes centros turísticos – que guarda uma essência completamente diferente, e que me esforço para mostrar aos nossos clientes por meio do restaurante e das viagens que organizamos. Esse Japão é onde as experiências mais silenciosas e íntimas se tornam inesquecíveis.

Memórias sensoriais: O Japão além da paisagem

O que torna o Japão inesquecível não são apenas os lugares famosos ou os cartões-postais, mas os detalhes sensoriais que capturam a alma do país. Aqui estão alguns que guardo com carinho:

• Sons: O som do vento nos campos de arroz em Niigata, o barulho rítmico do trem cortando os subúrbios de Fukuoka, e o som contínuo da cidade em Tóquio – uma mistura de anúncios em estações, passos apressados e o leve zumbido dos telões.
• Cheiros: O ar salgado e fresco do litoral de Munakata, o aroma de madeira nos templos rurais, e o cheiro limpo das estações de trem em Tokyo e claro, o inconfundível aroma adocicado e terno de um arroz koshihikari que te abraça os sentidos quando cozido em um “Kama” – tradicional panela de ferro japonesa.
• Texturas: A resistência suave do pedal da bicicleta em Niigata, o toque quente de uma tigela de cerâmica com ramen em um dia frio, e a aspereza confortável da madeira antiga de um templo em Kyoto.
• Cores: Os campos dourados de arroz prontos para a colheita, o azul profundo do mar ao longe, e as luzes vibrantes de Tokyo que nunca se apagam, mesmo no silêncio da madrugada.

Como esses detalhes moldam o Omotebako

Esses momentos e memórias são o que me inspiram todos os dias no Omotebako. Eles me lembram que a verdadeira beleza está nos detalhes – seja no cuidado de um prato bem feito, na experiência que criamos para nossos clientes, ou até no silêncio entre uma refeição e outra.

Assim como os contrastes entre o caos organizado de Tokyo e a serenidade das manhãs em Niigata, cada experiência no Omotebako busca capturar essas nuances: a energia e a tranquilidade, a modernidade e a tradição, o urbano e o rural. Nosso objetivo é compartilhar um pouco dessa essência, para que nossos clientes vivenciem o Japão não apenas como um lugar, mas como uma coleção de sensações inesquecíveis.

“Minha esperança é que, ao ler essas memórias, você se inspire a prestar mais atenção aos pequenos detalhes da sua própria vida. Assim como no Japão, muitas vezes é nos momentos mais simples que encontramos as maiores conexões e as memórias mais duradouras.”